Meu casamento

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domingo, 30 de setembro de 2012

Manuel de Barros 9ºano A



Neologismo é um fenômeno linguístico que consiste na criação de uma palavra ou expressão nova, ou na atribuição de um novo sentido a uma palavra já existente. Pode ser fruto de um comportamento espontâneo, próprio do ser humano e da linguagem, ou artificial, para fins pejorativos ou não. Geralmente, os neologismos são criados a partir de processos que já existem na língua: justaposição, prefixação, aglutinação, verbalização e sufixação. Podemos dizer que neologismo é toda palavra que não existia e passou a existir, independente do tempo de vida e de como surgiu.



OS NEOLOGISMOS NA OBRA POÉTICA DE MANOEL DE BARROS
Waleska Rodrigues de Matos
1
, Marcelo Marinho
2
Departamento de Letras  Universidade Católica Dom Bosco
No processo de criação poética, o poeta Sul-matogrossense Manoel de
Barros serve-se de recursos de verbalização que conduzem inelutavelmente à
renovação da linguagem. Entre as técnicas de criação utilizadas pelo autor,
encontramos a forte recorrência de neologismos, tema central de nosso estudo.
Estas inéditas formas lexicais são criadas a partir de métodos como, por
exemplo, a criação de novos verbos a partir de substantivos ou adjetivos, numa
transposição de classes gramaticais (infinitar, transver, empassarar, lobinhar,
celestar, imensar)  os neologismos de função; o emprego de um determinado
vocábulo em acepções nunca antes registradas  fatura que conduz aos
neologismos de significado (“Nanhá chorava como uma desmanchada”; “pirizeiro
carregado de passarinhos”); ou o recurso à prefixação com valor de negação ou
de retorno a um determinado estado inicial (deslendo, desbrincou, desacontecido,
desplanam, desemendar)  neologismos de forma.
Note-se ainda a criação de advérbios por intermédio da agregação do
sufixo “-mente” (atoamente, putamente), ou a criação de substantivos abstratos a
partir de concretos por processo de sufixação (criançamento, estudamento). Estes
são, em síntese, os resultados deste estudo que tem como suporte metodológico
as críticas propostas por Mary Lou Daniel e Oswaldino Marques em torno dos
processos de renovação lingüística levados a efeito por João Guimarães Rosa.
Conclui-se que, através dos neologismos de Manoel de Barros, é assaz
ocioso perceber, em estado latente, diversos sentidos virtualmente possíveis para
palavras utilizadas em nosso cotidiano. Tal feito pode conduzir o leitor de sua
poesia a uma visão original do universo, algo que somente um improvável regresso cronológico à infância, à fase agramaticalizada da vida, saberia propiciar.


De minha mão - Manoel de Barros

De minha mão dentro do quarto
meu lambarizinho
escapuliu - ele priscava
priscava
até cair naquele
corixo.
E se beijou todo de água!
Eu se chorei...
Vi um rio indo embora de andorinhas...

Retrato quase apagado em que se pode ver perfeitamente nada l - Manoel de Barros

Não tenho bens de acontecimentos.
O que não sei fazer desconto nas palavras.
Entesouro frases. Por exemplo:
-Imagens são palavras que nos faltaram.
-Poesia é a ocupação da palavra pela Imagem.
-Poesia é a ocupação da Imagem pelo Ser.
Ai frases de pensar!
Pensar é uma pedreira. Estou sendo.
Me acho em petição de lata (frase encontrada no lixo).
Concluindo: há pessoas que se compõem de atos, ruídos, retratos.
Outras de palavras.
Poetas e tontos se compõem com palavras.



Manuel de Barros



Manoel de Barros
“Que hei de fazer se de repente a manhã voltar?
Que hei de fazer?
— Dormir, talvez chorar”.



Manoel 
Wenceslau Leite de Barros nasceu em Cuiabá (MT) no Beco da Marinha, beira do Rio Cuiabá, em 19 de dezembro de 1916, filho de João Venceslau Barros, capataz com influência naquela região. Mudou-se para Corumbá (MS), onde se fixou de tal forma que chegou a ser considerado corumbaense. Atualmente mora em Campo Grande (MS). É advogado, fazendeiro e poeta.
Seu primeiro livro  foi publicado no Rio de Janeiro, há mais de sessenta anos, e se chamou "Poemas concebidos sem pecado". Foi feito artesanalmente por 20 amigos, numa tiragem de 20 exemplares e mais um, que ficou com ele.

Nos anos 80, Millôr Fernandes começou a mostrar ao público, em suas colunas nas revistas Veja e Isto é e no Jornal do Brasil, a poesia de Manoel de Barros. Outros fizeram o mesmo: Fausto Wolff, Antônio Houaiss, entre eles. Os intelectuais iniciaram, através de tanta recomendação, o conhecimento dos poemas que a Editora Civilização Brasileira publicou, em quase a sua totalidade, sob o título de "Gramática expositiva do chão".

Hoje o poeta é reconhecido nacional e internacionalmente como um dos mais originais do século e mais importantes do Brasil. Guimarães Rosa, que fez a maior revolução na prosa brasileira, comparou os textos de Manoel a um "doce de coco". Foi também comparado a São Francisco de Assis pelo filólogo Antonio Houaiss, "na humildade diante das coisas. (...) Sob a aparência surrealista, a poesia de Manoel de Barros é de uma enorme racionalidade. Suas visões, oníricas num primeiro instante, logo se revelam muito reais, sem fugir a um substrato ético muito profundo. Tenho por sua obra a mais alta admiração e muito amor." Segundo o escritor João Antônio, a poesia deManoel vai além: "Tem a força de um estampido em surdina. Carrega a alegria do choro." Millôr Fernandes afirmou que a obra do poeta é "'única, inaugural, apogeu do chão." E Geraldo Carneiro afirma: "Viva Manoel violer d'amores violador da última flor do Laço inculta e bela. Desde Guimarães Rosa a nossa língua não se submete a tamanha instabilidade semântica". Manoel, o tímidoNequinho, se diz encabulado com os elogios que "agradam seu coração".

Inovação Vocabular
O idioma é a única porta para o infinito, 
mas infelizmente está oculto sob montanhas de cinzas.
(Guimarães Rosa)
Manoel de Barros é avesso à repetição de formas e ao uso de expressões surradas, ao lugar comum e ao
chavão. Para evitar tais “pragas”, ele se tornou um pesquisador incansável de novas expressões e significados
verbais, que  integrarão  sua poesia, articulando experiência, conhecimento e experimentação. O poeta
declara que a sua construção poética é resultado da tensão entre os vários sentidos que uma palavra
comporta. Ele garimpa significados inéditos, secretos, que escandalizam o sentido único para ser um ponto
de metamorfose poética, fugindo do significado usual, gasto, corroído pelo uso. Adverte para a necessidade
de perscrutar a palavra, para que ela revele suas intimidades mais profundas e enigmáticas. Há que descascar
as palavras até que elas percam sua significação usual, assim: “... aflora uma linguagem de defloramentos, um
inauguramento de falas” (Barros apud Silva, 1995).
Nessa perspectiva, percebe-se que Manoel de Barros mantém uma luta corpo a corpo com a linguagem, cuja
chave é um jogo de sedução e encantamento mútuos, ressaltando que “bolina'' os vocábulos, como um
amante desavergonhado, fazendo com que as palavras se ofereçam “no cio” para ele, despudoradamente, em
sua nudez primitiva: “Uma palavra abriu o roupão pra mim/Ela deseja que eu a seja” (Barros apud C.
Menezes, 2005).
Assim, após essa etapa preliminar de “bolinação” da palavra, em que esta se sente desejada e torna-se

desejante, o  poeta dá prosseguimento  a um  laborioso  trabalho  artesanal, buscando  novas dimensões
lingüísticas, conforme destaca:
É preciso propor novos enlaces para as palavras. Injetar insanidade nos verbos para que transmitam
aos nomes seus delírios. (...) O envolvimento emocional do poeta com essas palavras e o tratamento
artístico que lhes consiga dar, – isso que poderá fazer delas matéria de poesia (Barros apud E.
Menezes, 2007).
Essa citação deixa transparecer que a linguagem, bem como a literatura, é um bem comum a todos. Na
criação poética, cabe a cada artista propor “novos enlaces“, por meio do tratamento artístico. Segundo Cruz
(2007), o poeta deseja uma linguagem em que haja um relacionamento voluptuoso com os termos, um
relacionamento amoroso entre o criador e a palavra que seja livre e que tenha o gosto do impuro,
escurecendo as relações entre os termos: “Bom é corromper o silêncio das palavras” (Barros  apud E.
Menezes, 2007).
Assim, o poema é local em que a linguagem se transfigura, ganha nova roupagem, nova vida, germinando uma
pluralidade de significações delirantes, como vento que, com seus sussurros e carícias estremecem e faz
vibrar cada folha, e tocar todos os seres de seu cosmo poético: "O vento se harpava em minhas lapelas
desatadas" (Barros apud Carpinejar, 2006).
Manoel de Barros não se preocupa em reproduzir a realidade, ou seja, em utilizar a linguagem como uma
construção lógica que venha representar o mundo; ao contrário, ele pretende reinventar a realidade e a
própria vida e um novo olhar sobre o aparentemente normal, detonar o sempre igual. Dessa maneira,
segundo Carpinejar (2006): 
Peixes podem morar na árvore, assim como o vento ser apanhado pelo rabo – dois exemplos que
não condizem com a normalidade do cotidiano, mas que terminam sendo acatados em função do
pacto de leitura, de não duvidar do autor e sim compartilhar com ele a irrealidade das imagens.
Não há limites definidos para o seu signo: verbos deslizarão para substantivos e novas regências serão
criadas: “... Colear/ sofre de borboleta/ e prospera/ para árvore (...) O homem se arrasta/ de árvore/
escorre de caracol/ nos vergéis/ do poema“ (Barros, 1994, p. 167). Percebe-se que, no laboratório poético
manoelino, há uma clara negação do que, convencionalmente, é considerado normal e a opção por uma
abordagem poética marcada por traços aparentemente ilógicos e surreais, conforme discutiremos a seguir.

SONATA AO LUAR

                                            ( Manoel de Barros)

Sombra Boa não tinha e-mail.
Escreveu um bilhete:
Maria me espera embaixo do ingazeiro
quando a lua tiver arta.
Amarrou o bilhete no pescoço do cachorro
e atiçou:
Vai Ramela, passa!
Ramela chegou à cozinha num átimo.
Maria leu e sorriu.
Quando a lua ficou arta Maria estava.





segunda-feira, 10 de setembro de 2012

PROPOSTA DE REDAÇÃO SOBRE DROGAS LÍCITAS

Férias! Chegamos ao fim. As festas ficaram pra trás e voltamos às atividades. São bastante comuns nessa época, as viagens e para algumas pessoas,  a ausência de limites em relação às bebidas. Nesta proposta de redação, você poderá opinar sobre esse assunto. Será que a bebida é um problema social ou suas consequências vão além da ressaca?


PROPOSTA DE REDAÇÃO DO 2º EM

Muito se discute atualmente no Brasil acerca da legalização das drogas. Passeatas são feitas, discussões em programas de tv… O discurso corrente entre estes é de que legalizando, o problema do tráfico acabará. Esquece-se, no entanto, do álcool. Veja este fragmento de texto retirado da internet:
As bebidas alcoólicas pertencem ao grupo das drogas lícitas mais consumidas no Brasil. O comportamento festivo do brasileiro sempre foi regado a muito álcool: caipirinha na praia, cerveja no futebol, coquetel na balada. O problema é que os jovens estão começando a beber cada vez mais cedo. Uma pesquisa da Unifesp sobre o consumo de bebidas alcoólicas por estudantes de ensino médio reacendeu a discussão sobre o tema. Que razões levam o jovem ao consumo de álcool? Quais os problemas decorrentes disso? Por que a lei que proíbe a venda de bebidas a menores de idade não é cumprida? Qual a responsabilidade da família, da sociedade e do governo diante desse problema?
Baseado no seu conhecimento de mundo e em leituras que vier a fazer, pense sobre as questões propostas e elabore um texto dissertativo sobre este assunto.
Instruções da proposta
  • Faça seu texto à caneta;
  • Escreva entre 20 e 25 linhas;
  • Use o padrão culto da linguagem;
  • Procure dar exemplos concretos para fundamentar sua argumentação.

Proposta de redação sobre as eleições 2012

É cedo pra falarmos sobre as eleições de 2012? Talvez, mas os que já estão na política estão planejando suas campanhas e, quem não é ainda, está anunciando que sairá como candidato. Vocês conhecem, por exemplo, Everson Silva? Em nossa proposta de redação dissertativadesta semana, falaremos sobre ele e sobre muitos outros exemplos de pessoas que se aventuraram na política sem ter experiência no assunto. 

O texto sobre este jovem é adaptado da reportagem da revista Veja. Everson Silva é filho do deputado federal Tiririca (PR-SP) e pode ser o mais novo humorista a integrar os quadros políticos. Aos 26 anos, o chamado palhaço Tirulipa filiou-se ao PSB e será candidato a vereador em Fortaleza nas eleições de 2012.
Abaixo você encontrará a entrevista que o filho do Tiririca concedeu ao site de VEJA durante o intervalo da gravação do programa "Show do Tom", da TV Record. O palhaço disse que levará o humor “a sério” e que pretende “revolucionar” a política.

Caso o senhor seja eleito, quais projetos pretende apresentar? Vou brigar pela cultura. Tenho o circo do Tirulipa e faço trabalhos culturais e sociais há três anos em Fortaleza. Estou aí para brigar, sou de família circense, nasci e fui criado dentro de uma barraca de circo. Estou entrando nessa briga para revolucionar. 

Acha que será um fenômeno de votos, como seu pai? Não estou pensando nesse sentido, quero poder brigar pela cultura e pelo humor. Quero levar o humor a sério, no bom sentido, entreter as crianças com teatro, com dança. Quero levar a juventude para um caminho legal. Mas vou começar devagarinho.

O que o Tiririca achou da sua decisão? Meu pai falou: “A decisão é sua, você faz o que achar melhor. Quero deixá-lo à vontade para escolher o que achar melhor. Se você quer, beleza, estou aqui e boa sorte. Vou te apoiar independentemente do partido que você escolheu. Vá em frente”.

Por que decidiu se filiar ao PSB, que é oposição do PR, legenda de seu pai, no Ceará? Me identifiquei muito com o partido, com o trabalho do governador Cid Gomes. Recebi proposta de outros partidos, como o PR, mas me identifiquei mais com o PSB.

O Tiririca já lhe passou alguma dica de como se portar como político? Não conversei com ele ainda, porque foi tudo muito rápido. A gente esperou até a última hora para se filiar, porque era para ser uma surpresa.

PROPOSTA DE REDAÇÃO

Nesta proposta de redação pensaremos nos critérios que levam alguém a se candidatar mesmo sem ter nenhuma experiência política. Mais que isso, pensaremos no que leva alguém a votar nesses candidatos. Quais critérios utilizam? O que esperam deles? Estaria a política passando por uma fase sem credibilidade?
Instruções para a proposta
  • Escreva, no máximo, 30 linhas;
  • Use caneta azul escuro ou preta;
  • Fundamente sua discussão de forma concreta.
     

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

CORAÇÃO DE OURO: INTERPRETAÇÃO


CORAÇÃO DE OURO: INTERPRETAÇÃO
https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhlHOGt0sdfc_m8WJv3eUE66SUE7VhQobQPm5khyUXdZn0rkSfuumNNAfUT9tyopKmszDKUh2CizkU9TKTZt7J14e5AH0WG1CQ27H_6kdVuTpiLT_5Rmtj96EI3L_yyqJRXi9_VG-lzRS-x/s400/laranja+lima.bmpCORAÇÃO DE OURO: INTERPRETAÇÃO E GRAMÁTICA...
SUGESTÃO DE LEITURA DO LIVRO: MEU PÉ DE LARANJA LIMA

O Livro narra, na 1ªpessoa , uma bonita história de amizade entre uma criança pura e inocente, o Zezé, e um pé de laranja lima que se tornou o seu melhor amigo e confidente.
Trata-se de uma obra muito bonita, emocionalmente forte, comovente e triste que, apesar da sua simplicidade, retrata de uma forma marcante os sentimentos de ternura, de perda e de dor de um menino que descobre o mundo sozinho.
***A primeira adaptação do romance para telenovela foi com texto de Ivani Ribeiro e direção de Carlos Zara. Produzida pela extinta TV Tupi e exibida de novembro de 1970 a agosto de 1971.
***Vamos conhecer um trecho desta obra de José Mauro de Vasconcelos.

CORAÇÃO DE OURO

Tudo ia muito bem quando Godofredo entrou na minha aula. Pediu licença e foi falar com D. Cecília Paim. Só s
https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgvdvmkFVaox-2uju2sslPtHChZBQOOZC6yvDbUYN2XfAbe5K80cdCzIgjQSG7ubQRjipJnlVsmiOZWkpHpEsPhG-wyc57pLeW9yLeim-wU-_GMel-2PnxH2xKyvpt8hs1-0YyYrjZEJSbI/s320/CORA%25C3%25A7%25C3%25A3oei que ele apontou a flor no copo. Depois saiu. Ela olhou para mim com tristeza.
Quando terminou a aula, me chamou.
─ Quero falar uma coisa com você, Zezé. Espere um pouco.
Ficou arrumando a bolsa que não acabava mais. Via-se que não estava com vontade nenhuma de me falar e procurava a coragem entre as coisas. Afinal se decidiu.
─ Godofredo me contou uma coisa muito feia de você, Zezé. É verdade?
Balancei a cabeça afirmativamente.
─ Da flor? É, sim, senhora.
─ Como é que você faz?
─ Levanto mais cedo e passo no jardim da casa de Serginho. Quando o portão está só encostado, eu entro depressa e roubo uma flor. Mas lá tem tanta que nem faz falta.
─ Sim. Mas isso não é direito. Você não deve fazer mais isso. Isso não é um roubo, mas já é um “furtinho”.
─ Não é não, D. Cecília. O mundo não é de Deus? Tudo o que tem no mundo não é de Deus? Então as flores são de Deus também...
Ela ficou espantada com a minha lógica.
─ Só assim que eu podia, professora. Lá em casa não tem jardim. Flor custa dinheiro... E eu não queria que a mesa da senhora ficasse sempre de copo vazio.
Ela engoliu em seco.
─ De vez em quando a senhora não me dá dinheiro para comprar um sonho
recheado, não dá?...
─ Poderia te dar todos os dias. Mas você some...
─ Eu não podia aceitar todos os dias...
─ Por quê?
─ Porque tem outros meninos pobres que também não trazem merenda.
Ela tirou o lenço da bolsa e passou disfarçadamente nos olhos.
─ A senhora não vê a Corujinha?
─ Quem é a Corujinha?
─ Aquela menina do meu tamanho que a mãe enrola o cabelo dela em coquinhos e amarra com cordão.
─ Sei, a Dorotília.
─ É, sim, senhora. A Dorotília é mais pobre do que eu. E as outras meninas não gostam de brincar com ela porque é pobre demais. Então ela fica no canto sempre. Eu divido o sonho que a senhora me dá com ela.
Dessa vez ela ficou com o lenço parado no nariz muito tempo.
─ A senhora de vez em quando, em vez de dar para mim, podia dar para ela. A mãe dela lava roupa e tem onze filhos. Todos pequenos ainda. Dindinha, minha avó, todo sábado, dá um pouco de feijão e arroz para ajudar eles. E eu divido meu sonho porque mamãe ensinou que a gente deve dividir a pobreza da gente com quem é ainda mais pobre. As lágrimas estavam descendo.
─ Eu não queria fazer a senhora chorar. Eu prometo que não roubo mais flores e vou ser cada vez mais um aluno aplicado.
─ Não é isso, Zezé. Venha cá.
Pegou as minhas mãos entre as dela.
─ Você vai prometer uma coisa, porque você tem um coração maravilhoso, Zezé.
─ Eu prometo, mas não quero enganar a senhora. Eu não tenho um coração maravilhoso. A senhora diz isso porque não me conhece em casa.
─ Não tem importância. Pra mim você tem. De agora em diante não quero que você me traga mais flores. Só se você ganhar alguma. Você promete?
─ Prometo, sim, senhora. E o copo? Vai ficar sempre vazio?
─ Nunca esse copo vai ficar vazio. Quando eu olhar para ele, vou sempre enxergar a flor mais linda do mundo. E vou pensar: Quem me deu essa flor foi o meu melhor aluno. Está bem?
Agora ela ria. Soltou minhas mãos e falou com doçura:
─ Agora pode ir, coração de ouro...

José Mauro de Vasconcelos. O Meu Pé de Laranja Lima. Texto adaptado

1) Relembrando os tipos de textos:
***Texto narrativo é aquele desenvolvido a partir de um conflito. Esse conflito não é necessariamente uma briga, uma discussão ou uma grande confusão; é uma situação problema que desperta o interesse do leitor e faz com que ele se sinta motivado a ler a história para saber qual será a solução dada para o conflito.
***Relato é um texto que mostra apenas uma seqüência de ações, coisas que os
personagens fazem. Quando um texto não apresenta conflito é chamado de relato.
***Poema é um texto escrito de maneira especial; nele, as palavras são organizadas de um jeito que nos levam a perceber a beleza das coisas.
***Texto informativo é aquele que está comprometido com a realidade e tem como objetivo trazer um ensinamento sobre determinado assunto.
***Crônica é uma narrativa breve que registra um fato do cotidiano num determinado intervalo de tempo.
*Agora responda:
a) “Coração de ouro” tem qual tipo de texto?
____________________________________________________________

b) Qual é o conflito da história?
____________________________________________________________
____________________________________________________________

c) Qual foi o desfecho?
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________

2) Mais um lembrete para você ler com atenção:

***Toda a história é contada por um narrador. Esse narrador pode apenas contar a
história ou participar dela.
*Narrador-observador é aquele que apenas conta os fatos, sem participar da história.
*Narrador-personagem é aquele que conta uma história de que ele participou, para isso ele usa a 1ª pessoa (eu, nós).
Qual é o tipo de narrador que aparece na história “Coração de ouro”?
________________________________________________________________________
3) Último lembrete para ler:
***Discurso direto – quando os personagens falam diretamente.
***Discurso indireto – quando o narrador transmite a fala do personagem.
O texto “Coração de ouro” apresenta um discurso _______________________________.

4) Seis personagens são mencionados no texto “Coração de ouro”. Identifique-os por meio das indicações que damos abaixo e coloque o nome de cada um DENTRO DOS PARÊNTESES:

a) Avó de Zezé, que ajudava a família da Corujinha, oferecendo-lhe um pouco de feijão e arroz.(_____________________)
b) Professora de Zezé, que o considerava um menino maravilhoso e de coração de ouro.(_____________________)
c) Colega de Zezé, com cabelo enrolado em coquinho e amarrado com cordão.

(_____________________)
d)Contou à professora “uma coisa muito feia” a respeito do neto Dona Dindinha.(___________________)
e) Filho do dono do jardim do qual Zezé apanhava flores para a professora.(__________________)
f) A personagem principal. Dividia com a Corujinha o sonho que a professora lhe dava.(__________________)

5) Complete as frases usando por que, por quê, porque ou porquê:
a) Zezé acreditava que podia pegar as flores do jardim _________________________naquela casa tinha muitas flores e ninguém sentiria falta.
b) Ele não entendia o ______________________ daquilo ser errado, já que tudo que existe no mundo é de Deus.
c) _____________________ será que Godofredo foi contar o que estava acontecendo à professora?
d) Zezé não agiu certo, __________________________?

6) Releia o trecho retirado do texto:
“─ A senhora de vez em quando, em vez de dar para mim, podia dar para ela. A mãe dela lava roupa e tem onze filhos. Todos pequenos ainda. Dindinha, minha avó, todo sábado, dá um pouco de feijão e arroz para ajudar eles. E eu divido meu sonho porque mamãe ensinou que a gente deve dividir a pobreza da gente com quem é ainda mais pobre.”

Agora, retire dele o que se pede:
a) uma palavra trissílaba, oxítona:__________________
b) uma palavra trissílaba, proparoxítona : ___________________
c) um artigo ,feminino_________
d) três substantivos masculinos: ________________________________________
e) dois adjetivos: ___________________________
f) dois pronomes pessoais do caso reto:___________________
g) dois verbos no pretérito:________________
h) duas palavras com ditongo:____________________
i) quatro palavras com dígrafos:___________________

7) De acordo com o texto “Coração de ouro”, responda:
a) Qual foi “a coisa muito feia” que Godofredo contou a Dona Cecília a respeito de Zezé?
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
b) Se a professora lhe oferecesse um sonho todos os dias, Zezé aceitaria? Por quê?
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
c) Por que Zezé dividia seu sonho com a Corujinha?
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________

d) Em sua opinião, por que a professora passou a chamar Zezé de “coração de ouro”?
_____________________________________________________________

e)Que conselho você daria para Zezé? Comente:
_____________________________________________________________


8) Descreva uma situação de “BULLYING”, citada no texto e aponte uma solução para este caso:
___________________________________________________________________
9) Grife, no texto, quais foram os cinco motivos que contribuíram para que Zezé tirasse as flores do jardim alheio.

10) Mensagem do texto para nossa vida:
_________________________________________________________________ _________________________________________________________________
11) Complete as frases com traz, atrás, mas, mais, mal, mau:
a) Papai ______________ boas notícias para nós.
b) Ele colocou a carteira no bolso direito da calça, ___________ hoje colocou do lado esquerdo.
c) Estude _______________ e será aprovado com boas notas.
f) O velho está _______ de saúde.
g) Ele não era um garoto ____________.
h) Zezé está ______ da mesa da professora.